na contramão de todos os desencontros românticos e relacionamentos medíocres que acontecem ao meu redor, tem um casal que me faz acreditar no amor.
os dois vivem o teatro e desfrutam uma sintonia linda de se ver.
eles são jovens, passionais, livres e extremamente comprometidos:
não só um com o outro, mas com algo mais profundo que eu nem me atreveria descrever.
ele me mandou hoje uma poesia chamada 'nós', que ele escreveu sobre eles.
eu vou colar aqui, porque me comoveu e é bonito demais pra guardar só pra mim:
(em nenhum momento este post têm co-relação com o anterior...)
NÓS
você é perfume e é música,
eu, coitado, sou poesia.
você tem o dom do que exala,
do que exalta, que preenche,
refestela.
eu sou este alinhar as linhas,
condensar a coisa toda,
ser oblíquo.
o cheiro e a melodia
são ambos inescapáveis:
somos todos só sentidos
estando diante deles.
mas o caso da poesia
é sempre pedir parada,
é sempre pedir palavra,
é sempre pedir silêncio.
versos todos alinhados
em retas riscas exatas
esperam deciframento.
a música (e o perfume)
são o desfraldamento
de algo que ali se abriga.
eles tem (e você)
a coisa de dominante
de tomar a atmosfera;
não são tomados da espera
congelada das palavras
(das palavras da poesia)
detalhes e monumentos.
momentos e eternidades.
você é perfume e é música,
eu, precário, sou poesia.
por isso eu prefiro você,
prefiro o cheiro,
a melodia,
o grito.
Pássaros de papel não voam
Há 10 anos
2 comentários:
Lindo poema. Lindo casal. Cada um nasce pra ter uma história. Solo ou há dois, uma história toda sua. E essa é a beleza.
que lindo!
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