quinta-feira, maio 21, 2009

a rosa.

hoje minha pauta sobre violência doméstica (média de quatro por minuto no brasil do samba, cerveja e futebol ) me levou a uma outra história.
a rosa* é esposa de um homem ‘bom, mas de cabeça fechada’, mãe de um filho de dezoito anos, mãe de um filho com obesidade infantil, neto do coração de um vovô abandonado e tia de quatro ‘filhos do coração’ com idades entre quatro e nove anos. ela me impressionou porque partilha do que tem, mas me cativou porque partilha justamente do que não tem com o idoso abandonado que surgiu na sua vida em um dia como outro qualquer. e com as quatro crianças que um dia ela levou de volta para casa depois que o juiz as mandara para um abrigo.
‘por que?’.
‘não consegui deixa-los lá’, ela diz tocada.
um impulso louvável e que livrou quatro crianças, totalmente negligenciadas, de um segundo abandono em menos de três meses.
duas meninas e dois meninos, rebentos de uma dessas uniões desastrosas: o pai preso por ligação ao pcc, a mãe viciada.
a mais velha, de nove anos, vítima de pedofilia, descreve uma mãe que dormia até as duas horas da tarde, ia pra rua conseguir dinheiro, voltava ‘tardão’, ficava um ‘tempão’ no banheiro ‘fumando droga’ e dormia. ‘ai a gente ia pedir coisa pra comer’.
um dia rosa atendeu a campainha e viu uma conhecida com suas quatro crias. ficou com as crianças por algumas horas. no segundo mês subiu o morro para saber da conhecida. ‘até tiro saiu’, era dia de alguma operação da polícia.
no terceiro mês ela foi ao juiz e agora ela tem a guarda deles até junho do ano que vem.
e mesmo administrando uma casa com cinco crianças, um idoso, um ser com dezoito anos e um marido, rosa ainda apóia, ouve, aconselha, se importa com uma amiga-irmã que apanha do marido.
e foi assim que eu a conheci, sorridente, de papo fluente e com amor!

* a rosa não é rosa, claro!