quinta-feira, março 19, 2009

aquele dia amanhecendo, ele dentro barco como sempre foi. ele era o mesmo, eu era a mesma, alguma coisa não era mais e eu me calei. só contemplei suas rugas mais fortes, seu pouco cabelo, seu pouco cabelo branco. voltamos, as duas irmãs que já andaram muito por aí, mas sempre passam por ali. eu chorei, chorei pelo medo da ausência, a minha, a dele. lamentei pelo tempo que me tomou num golpe, que passou e eu não vi. quis que sua vida fosse um barco batida nas ondas. que você nunca parasse de contar piadas. que não te faltasse uma rede, um peixe no mar. que sempre ouvisse música bem alto, anunciando dia de festa. te desejei um porão cheio de fios, ferramentas, para que tua 'marafunda' nunca finde. quis sentir o calor do teu braço pesado, o aperto da tua mão que me dava medo. quis que o mar fosse teu amigo pra sempre, e que não te faltasse pão e café, forte e doce, no café da manhã. quis que voltasse sempre, todos os dias, que gostasse de voltar, que eu pudesse voltar um dia.