quinta-feira, junho 17, 2010

tenho medo de ver-te
necessidade de ver-te
esperança de ver-te
insipidezes de ver-te
tenho ganas de encontrar-te
preocupação de encontrar-te
certeza de encontrar-te
pobres dúvidas de encontrar-te
tenho urgência de ouvir-te
alegria de ouvir-te
boa sorte de ouvir-te
e temores de ouvir-te
ou seja
resumindo
estou danado
e radiante
talvez mais o primeiro
que o segundo
e também
vice-versa.


mario benedetti

quinta-feira, maio 13, 2010

dos presentes que mais me tocam,
sem dúvida nenhuma, os que chegam em forma de palavras chegam mais fundo
o escrever demanda tempo, dedicação, apagar e tornar a escrever.
abaixo um agrado destes.
de alguém que se torna interessante justamente pelas palavras que usa, mas também pelas que não usa.

Prisioneira

Comprei mil quilos de arame farpado
Quase deu errado
Mas arranjei mil metros de corda grossa
Só para te amarrar nessa minha pobre joça.
Na cama te quero
E espero te amar à exaustão
Espernear feito ser em compulsão
Ter você como minha prisioneira
Melhor do que tê-la como arruaceira
Bagunçando meu besta coração.
Não quero te enganar nem te esganar
Só quero fazer amor do bom
Com sabor e amora e limão.

Levantei um muro imenso
Com cinco metros de cerca
E longo comprimento
Para o teu redor cercar
E em presa imóvel te transformar.
Quero te fazer girar feito peão
Rosnando qual um leão
Até destruir minha solidão.
Não te desejo nenhum mal
Só quero fazer muito amor
Dum jeito que você nunca fez igual.

Armei arsenal de canhões
Todos em várias direções
Para não te errar
Para que só meu nome saiba narrar.
Te ameaço efusivamente
Te toco berrante
Para que você não siga errante
Como cigana de antigamente.
Não te desejo infelicidade
Só quero te matar
De tanto que vamos nos amar.

E te quero tanto
Que o arame não usei
Porque jamais errei
Nas cordas não dei nó
Porque de mim tive dó
Na cerca fiz uma porta sem tranca
Se quiser você se arranca
Nos canhões não pus bala
Prefiro arrumar uma enorme mala
E vagar, por aí sair
Sem jamais te ferir.
e.f.
03/05/2010

faz tempo que não passo por aqui,
tempo que deu voltas e revirou meu mundo.
em pouco mais de seis meses tenho um terceiro endereço,
e agora já tenho até medo de nunca mais me sentir, realmente, em casa.
a parte boa é que, cada lugar novo, traz consigo pessoas novas,
e essas sim, me são sempre gratas surpresas
as minhas favoritas, pra bem da verdade!



e tem ainda aquelas pessoas que não importando a geografia, estão com você onde quer que seja.

quinta-feira, outubro 22, 2009

e como ele morreu?
hum, ele morreu num campo de concentração.
mamãe, será que ele se concentrou muito e por isso morreu?????

quinta-feira, outubro 08, 2009

não mana, em nenhum momento duvidei (ainda) da minha decisão de voltar.
e valeria a pena nem que fosse só pra te ver no meio das tuas tesouras, e idéias.
pelas sessões de terapia mais proveitosas. pelo lembrar, antever, sonhar.
e tem a parceria da mãe,
o humor do pai,
o som do mano,
a paciência da maninha,
e toda essa pira que rola em ser tia amiga,
tia irmã gêmea,
tia-avó.
e tem o mar e os caminhos da infância,
o povo querido,
o gostinho de férias merecidas,
o peixe frito,
as histórias (senta zezinho... e ele senta!!!!!!), o decifrar, o comer com quem se ama,
o dito, o rito, o mito,
o amor.

quinta-feira, outubro 01, 2009

às vezes se corre o mundo pra enfrentar leões mais ferozes na terra de origem
ninguém nunca tentou me prejudicar,
nunca precisaram fazer isso,
mas aqui, onde tudo que não é mediano impressiona, a melhor defesa é o ataque.
e daí danem-se os valores, o respeito, a sinceridade.
sentimentos são atuados, sorrisos forçados, gentilezas falsificadas.
eu que acredito, acredito naquilo que bem no fundo eu desconfiei desde o princípio.
e digo que caio bem bonito.
dá uma dorzinha por ter esperado.
mas porquê mesmo sofrendo eu ainda prefiro acreditar,
eu confio que há males que vem pra bem,
e melhor assim do que aquela dose de humilhação e medo diários por um bocado no fim do mês.

segunda-feira, setembro 28, 2009

nessa coisa meio sobrentural
de rir, saber e entender.
amigas da infância, com planos de futuro
amizade onde longe nunca existiu
e a presença é sempre o mais agradável dos momentos
amo, desde e para sempre!

sábado, setembro 19, 2009

essa noite eu sonhei que estava em paris,
e foi tão real!
podia até sentir o cheiro da cidade que nem coheço de verdade.
e foi tão bom que eu não queria acordar.
conheci a amelie e todos os personagens daquele fabuleux destin.
ouvi uma chanson d amour, na ville lumiere e acordei feliz,
feliz em paris!

quinta-feira, agosto 27, 2009

ai, sabe, eu tenho sentido uma saudade daquelas da minha avó.
saudade distanciada, que melhora o fato e fica bonita como num retrato.
e nessa foto colorida ela posa toda faceira de vestido marrom com flores miudinhas.
o cabelo sempre cheio, apesar dos anos, domados por um arco fino.
as pitas vermelhas do seu colo enrrugado.
da foto vem o cheiro de macela que havia em seu cangote.
ou da sopa de feijão quando fervia na panela bem ariada.
entre sorrisos e assovios ela lembra da melodia dos hinos que lhe enchiam de esperança.
caminha de mãos para trás arrastando os chinelos.
e me volta assim, nesse instante de saudade! *na foto eu, ela e o primo fernando no começo dos anos 90.

sábado, agosto 08, 2009

partir e voltar

porque estava perto de voltar falava mais cantado.
se sentia ainda mais de lá, mais da sua gente, do seu povo
e era tanta alegria, um sol que invadia sua vida, uma vontade de gritar
mas tinha uma pontinha de tristeza, do deixar, do ir embora.
cada canto da cidade cinza era um cartão postal dos seus sentimentos e histórias.
cada rosto ganho para sua coleção de caros era uma pontada de saudade anunciada.
quase prometia a si mesma que um dia abandonava essa coisa toda de partir
um dia, porque agora voltava para tornar a partir.